quarta-feira, 7 de julho de 2010

julia Spadaccini e Jorge Caetano - FORUM VIRTUAL DE LITERATURA E TEATRO


FORUM VIRTUAL DE LITERATURA E TEATRO

ENTEVISTA CEDIDA POR E-MAIL POR JULIA SPADACCINI.
( 30/09/2007)
POR JULIANA PAMPLONA


Juliana – Você trabalha com um grupo fixo, uma companhia de teatro?

Júlia - Trabalho como dramaturga da "Cia Casa De Jorge”. estamos desenvolvendo um trabalho bem interessante a partir da dramaturgia. Estaremos em cartaz no Teatro das Artes a partir do dia 21 de maio com a peça “Não Vamos Falar Sobre Isso Agora”.

Juliana – De que modo o seu trabalho de diretora interfere na sua dramaturgia e vice-versa?

Júlia - Só dirigi uma peça minha. O gostoso de dirigir é poder colocar em prática minhas idéias sobre a atmosfera do texto, mas sei que direção não pode ser só isso. Você precisa também ter um olhar mais funcional, um olhar que ultrapassa o pensamento e vai para a realidade. Eu não sei fazer isso. Sou subjetiva até o último fio de cabelo. Se dirigir as minhas peças, elas terão uma over dose do meu próprio olhar e talvez fiquem chatas. Acho que eu mesma enjôo e fico catando os defeitos no meio do ensaio. Começo a trazer textos novos, mudar tudo e isso é péssimo. O negócio é fazer uma boa parceria. Não posso reclamar de nenhum diretor, pois tive sorte em ser bem traduzida para a cena. Acabei de ter uma peça dirigida (“Não Vamos Falar Sobre Isso Agora”) por um artista muito especial, o diretor Jorge Caetano. Não é questão somente de talento, apesar de o Jorge ser um artista brilhante, acho que é mais a coisa da sintonia. Estamos exatamente na mesma freqüência criativa. Falando a mesma língua. Isso é único. A direção do Jorge é um abraço na minha alma.

Juliana – Quais as suas principais referências e interlocutores como dramaturga?

Júlia
- O meu olhar passeia o dia todo buscando referências. Os amigos, o jornaleiro, o analista, o trocador etc... Eu tenho a síndrome do agora. Quero falar do comportamento humano em 2008. Sou formada em artes cênicas e psicologia. Trabalhei durante quatro anos numa clínica psiquiátrica. Esse universo comportamental é o meu interesse. Os meandros da psiqué. Vou de Jung à Clarice Lispector nas referências literárias, passando por Capra, Mário Quintana, Lagarce, Borges, Dostoiévski, Monteiro Lobato e tudo o mais que me encha de reflexões. Meus interlocutores são todos aqueles que através da arte tentam desvendar os mistérios da alma... então, são muitos...